O que leva uma companhia de teatro possuir um Teatro?
Num primeiro momento, a resposta a essa pergunta pode ser óbvia, já que a maioria dos grupos teatrais não possuem uma sede (própria ou não) onde possam desenvolver suas atividades.
Ocorre que a fusão entre o grupo ALAMEDA Cia. Teatral e o Teatro Odelair Rodrigues marca não apenas uma transgressão, como capitula uma distinta prática entre os espaços independentes da cidade, pois o teatro é administrado por um grupo de pessoas que – além de dar continuidade às suas pesquisas teatrais, ensaiar seus espetáculos e elaborar seus projetos – tem de se debruçar sobre a rotatividade que um espaço cultural pressupõe, como ocupar o Teatro, primar pela boa produção e circulação deste e, acima de tudo, fomentar o público.
Outros espaços independentes como o Teatro Lala Schneider, o Teatro Cultura, o Teatro Reikraus Benemond e o Barracão EnCena também são administrados por grupos que conduzem seus trabalhos em seus espaços. Sem nenhum demérito, também se desdobram para cuidar de seus grupos e seus modos de produção e, ainda, manter vivo e pulsante seus teatros.
Então, o que leva um grupo como a ALAMEDA Cia. Teatral a adquirir um teatro para chamar de seu?
O grupo participa do Movimento de Teatro de Grupo de Curitiba, um importante coletivo da cidade que se apóia na alteridade e, ao mesmo tempo, na identidade da pesquisa teatral para discutir idéias políticas e estéticas, entre outras coisas.
Nesse círculo, companhias de destacada relevância no meio possuem suas sedes como a Companhia Brasileira de Teatro, a Vigor Mortis, o ACT, a CiaSenhas Cia de Teatro, a Ator Cômico, entre outras. E, apesar de promoverem a circulação de público e a discussão de seus fazeres artísticos, não pensam seus espaços como um ponto comercial.
Assim, o que responderia com bastante legitimidade a primeira pergunta aqui levantada, é a possibilidade.
Possibilidade de ter seu próprio espaço e, junto disso, viver de seu trabalho. Possibilidade de criar uma identidade também para este espaço. Possibilidade de fazer circular uma produção relevante e criar relevância também de platéia.
Por isso, nesta edição do Festival de Curitiba, trouxemos para o Teatro Odelair Rodrigues um time de nove espetáculos, dos mais variados estilos e para o mais eclético dos públicos, com grupos de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina além dos paranaenses.
Estão ali espetáculos com mais apelo como “As Quarentonas” ou “O Código Van Gogh”, espetáculos conceituais como “2 de Novembro” (MG) e “Um Grito Parado no Ar” (SP), espetáculos de companhias conceituadas como “A Ingênua” (SC) e “O Crime do Padre dos Balões” (d’A Rainha de 2 Cabeças, também participante do Movimento), o infantil “A Biblioteca Mágica” (SP) e, claro, os espetáculos da ALAMEDA Cia. Teatral “ZYVerissimo!!! 200,9 MHz – A Voz da Felicidade no Ar!” e “Divorciadas, Evangélicas e Vegetarianas” (esta última, sucesso de público na edição anterior do Festival).
Esta é a primeira edição do Festival de Curitiba em que a ALAMEDA Cia. Teatral está a frente do Teatro Odelair Rodrigues. As expectativas são grandes, mas as perspectivas são mais importantes. Pois, com tudo isso, a companhia está em fase de finalização de seu novo espetáculo “Fotomaton”, um monólogo que foi selecionado pelo Edital de ocupação do Teatro Novelas Curitibanas – Temporada 2009. O espetáculo tem estreia marcada para o dia 16 de Abril e permanecerá em cartaz até 17 de Maio.
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